Sou naturalmente
curiosa.
Vou na rua a
passear, estou numa esplanada a beber um sumo natural, numa fila de
supermercado ou sentada no assento de um avião e não consigo evitar tentar
adivinhar como é a história das pessoas que me rodeiam. O que faz da vida? Como
é a casa onde vive? Tem filhos? Quais são os seus sonhos? Arrependimentos? O
que está aqui a fazer e para onde vai? Parece um pouco coscuvilhice, eu sei,
mas estas perguntas todas nunca chegam a deixar a minha cabeça. Descansem! Raramente
chego a saber as respostas que, por mera curiosidade, adoraria conhecer.
Limito-me a
observar discretamente e a fazer as minhas próprias conjeturas. Se aquela
pessoa que está ao meu lado na paragem do metro soubesse que eu já fiz dela
fotógrafa, sem o ser, e lhe dei três filhos rebeldes que nunca teve… É inevitável.
Sou naturalmente observadora.
Talvez por me
cativarem tanto as histórias de vida, pessoas fortes que mudaram a sua história
a certa altura, vidas que fogem em muito ao conceito comum que nos entedia, excêntricos.
Por isso sou apaixonada por livros de casos da vida e talvez também por isso
tenha criado as histórias que escrevi nos meus livros.
A vida em si e os
diferentes caminhos e reviravoltas fascinam-me. A minha própria história já
teve muitos futuros imaginários que nunca vieram a acontecer. Outros sim. Não lamento
de modo algum o caminho que percorro, apenas não consigo evitar imaginar
diferentes estradas e o que poderia acontecer se as seguisse. Porque a vida de
cada um se faz de passos tomados e outros que deixamos de dar, de oportunidades
e ações que nos levam a um determinado porto. Não acho que seja como um
labirinto em que uma decisão errada nos pode conduzir a um beco sem saída. Não
acredito nisso! Essa decisão apenas nos levará a outro cruzamento em que
teremos que escolher novamente o caminho.
Li em algum lado,
uns anos atrás, que uma escritora (se não me engano) se sentou numa cadeira, no meio da rua,
colocando outra vazia ao seu lado e uma placa no chão dizendo: “Ouvem-se
histórias de Amor”. E quem quisesse fazia-lhe companhia contando o seu próprio
romance. Ora aqui está uma ideia fantástica para se aprender mais sobre a
humanidade, conhecer uma infinidade de possibilidades e caracteres. Uma ideia
carregada de coragem e originalidade.
Quem sabe um dia
ganho também coragem e toco no ombro da pessoa à minha frente na fila de
supermercado e pergunto: “ Leva essas batatas fritas e sumos todos... Vai dar
uma festa? O que celebram?” E acrescento “Desculpe a pergunta…”. Se bem que o
pedido de desculpas dificilmente me livraria de uma acusação menos simpática. Está
bem. Provavelmente ficar-me-ei pela curiosidade, entregue à imaginação. Até
porque não as coisas funcionarem ao contrario? Porque não a ficção alimentar as
vidas das pessoas com sugestões e mudanças? Já vi acontecer.
Sou naturalmente
sonhadora. Mas não me julguem!
Sílvia vc é um doce e genial, grande abraço.
ReplyDeleteObrigada :) fico muito feliz que tenha gostado!
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