Friday 30 January 2015

Naturalmente



Sou naturalmente curiosa.
Vou na rua a passear, estou numa esplanada a beber um sumo natural, numa fila de supermercado ou sentada no assento de um avião e não consigo evitar tentar adivinhar como é a história das pessoas que me rodeiam. O que faz da vida? Como é a casa onde vive? Tem filhos? Quais são os seus sonhos? Arrependimentos? O que está aqui a fazer e para onde vai? Parece um pouco coscuvilhice, eu sei, mas estas perguntas todas nunca chegam a deixar a minha cabeça. Descansem! Raramente chego a saber as respostas que, por mera curiosidade, adoraria conhecer.
Limito-me a observar discretamente e a fazer as minhas próprias conjeturas. Se aquela pessoa que está ao meu lado na paragem do metro soubesse que eu já fiz dela fotógrafa, sem o ser, e lhe dei três filhos rebeldes que nunca teve… É inevitável.
Sou naturalmente observadora.
Talvez por me cativarem tanto as histórias de vida, pessoas fortes que mudaram a sua história a certa altura, vidas que fogem em muito ao conceito comum que nos entedia, excêntricos. Por isso sou apaixonada por livros de casos da vida e talvez também por isso tenha criado as histórias que escrevi nos meus livros.
A vida em si e os diferentes caminhos e reviravoltas fascinam-me. A minha própria história já teve muitos futuros imaginários que nunca vieram a acontecer. Outros sim. Não lamento de modo algum o caminho que percorro, apenas não consigo evitar imaginar diferentes estradas e o que poderia acontecer se as seguisse. Porque a vida de cada um se faz de passos tomados e outros que deixamos de dar, de oportunidades e ações que nos levam a um determinado porto. Não acho que seja como um labirinto em que uma decisão errada nos pode conduzir a um beco sem saída. Não acredito nisso! Essa decisão apenas nos levará a outro cruzamento em que teremos que escolher novamente o caminho.
Li em algum lado, uns anos atrás, que uma escritora (se não me engano) se sentou numa cadeira, no meio da rua, colocando outra vazia ao seu lado e uma placa no chão dizendo: “Ouvem-se histórias de Amor”. E quem quisesse fazia-lhe companhia contando o seu próprio romance. Ora aqui está uma ideia fantástica para se aprender mais sobre a humanidade, conhecer uma infinidade de possibilidades e caracteres. Uma ideia carregada de coragem e originalidade.
Quem sabe um dia ganho também coragem e toco no ombro da pessoa à minha frente na fila de supermercado e pergunto: “ Leva essas batatas fritas e sumos todos... Vai dar uma festa? O que celebram?” E acrescento “Desculpe a pergunta…”. Se bem que o pedido de desculpas dificilmente me livraria de uma acusação menos simpática. Está bem. Provavelmente ficar-me-ei pela curiosidade, entregue à imaginação. Até porque não as coisas funcionarem ao contrario? Porque não a ficção alimentar as vidas das pessoas com sugestões e mudanças? Já vi acontecer.
Sou naturalmente sonhadora. Mas não me julguem!  

2 comments:

  1. Sílvia vc é um doce e genial, grande abraço.

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    1. Obrigada :) fico muito feliz que tenha gostado!

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