Hoje escolhi falar-vos
sobre os sonhos! Não aqueles por que lutamos, aquela nuvem mágica que nos
persegue, a que queremos que se desfaça em chuva e nos molhe da cabeça aos pés.
Não são esses sonhos… desta vez! Falo dos que nos visitam à noite, enquanto
dormimos. Não sei se vocês são daquelas pessoas que mal pousam a cabeça na
almofada desligam para tudo, mesmo para o mundo do subconsciente e do
imaginário. Eu não! A minha imaginação continua a trabalhar durante o sono, com
mais força, atrevo-me a dizer, do que durante o dia. Enquanto que acordada
sinto que tenho algum (não total) controlo sobre aquilo que crio ou imagino,
enquanto durmo, a minha mente entra num estado de liberdade completa, rebelde,
indomável. Por vezes, nem acordar a meio da noite a refreia. Mal volto a pegar
no sono, regressa esse mundo paralelo exactamente no ponto onde tinha sido
interrompida a história. História…. Bem, não sei se posso chamar-lhe bem de
história, porque isso implicaria que tivesse algum nexo, no mínimo, um
principio, um meio e um fim. E os meus sonhos não têm nada disso. Começam pelo fim
ou só têm meio e em alguns deles eu sou até um amendoim! Como podem ver o
assunto é grave! Estou certa de que muitas vezes já sonharam assim também.
Daqueles sonhos tão estapafúrdios que não se devem nem escrever no bloco de
notas da mesinha de cabeceira, muito menos contar em voz alta a outro alguém.
Contudo, cá estou eu a partilhar isto com vocês. Não é segredo, não é vergonha,
não é raridade nenhuma! Apenas uma curiosidade.
Às vezes acordo
com o sonho dessa noite bem fresco na memória e penso “Devia vender os direitos
para Hollywood”. Davam filmes de todos os géneros cinematográficos que possam
imaginar! Mas passados alguns segundos o
sonho já se esfumou e quanto mais o tento agarrar mais depressa ele desaparece.
Outras vezes… eles ficam, quer eu goste ou não. E são esses os que ficam na
memória os que formam a minha biblioteca imaginária de imagens estranhas,
sentimentos inéditos e acções irreais. O banco de sonhos que nos faz rir,
chorar, ponderar, aproveitar, recear, revoltar ou até mudar.
E este assunto
leva-me a falar de um filme que vi, um filme daqueles como eu gosto, daqueles
que nos põem a pensar mesmo depois de termos deixado a sala de cinema ou o
sofá, daqueles que precisamos ver mais do que duas ou três vezes. Verdadeiros
enigmas de ecrã! O filme é “Inception” (A origem, título português). Não vou
aqui entrar em detalhes da história, até porque pode haver alguns de vós que
ainda não o tenham visto, mas este aborda um conceito diferente. Não que nós já
não tivéssemos pensado nele! O sonho, no sonho do sonho… e por aí fora! É como
a menina que tem na mão a bola de cristal que tem lá dentro neve e outra menina
que segura outra bola de cristal que tem outra menina e neve e outra bola de
cristal lá dentro… sem sabermos onde isto pára. E se pára! Este filme deixa-nos
a pensar nisto, não deixa? (pergunto para quem viu o filme, claro!) Deixa-nos a
questionar o limiar entre o real e o sonho. No fundo o próprio filme acaba por
nos fazer vítimas daquilo por que se intitula (na versão original). Implanta em
nós uma ideia, uma dúvida. E, no fundo,
não é o que alguns sonhos fazem também?
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